Trichoderma: Às vezes 6 não é igual a meia dúzia

sexta-feira, 3 Maio, 2019
noticia trichoderma: Às vezes 6 não é igual a meia dúzia da biota innovations uberaba mg

O setor de produtos biológicos vem se consolidando ano a ano, gerando movimentações de cerca de R$ 500.000.000/ano somente no Brasil. Dentre os ingredientes ativos, Trichoderma é um dos carros-chefe desse mercado, com cerca de 5.000.000 de ha tratados.

Apesar de ser uma das tecnologias biológicas mais utilizadas no Agro,  muitos acreditam que Trichoderma é tudo igual.

Como o controle biológico profissional ainda é relativamente jovem, a sociedade ainda carece de informações de qualidade técnica que levem ao fortalecimento da tecnologia, assim como ao empoderamento do cliente.

Um dos mitos que rodeia Trichoderma é de que algumas espécies são melhores parasitas do que outras, sendo esse um argumento de venda muito utilizado pelo setor comercial. O fato de um ingrediente ativo pertencer a determinada espécie não é uma validação da capacidade agronômica do produto, já que as diferenças entre os Trichodermas não se limitam a escala de espécie.

Cada espécie de Trichoderma é composta por uma infinidade de cepas (unidades biológicas diferentes no que se refere às suas características morfológicas e fisiológicas) que variam grandemente quanto as suas capacidades de biocontrole e adaptabilidade. Na verdade, tão ou mais importante do que a espécie de Trichoderma utilizada como ingrediente ativo, é que a cepa utilizada tenha passado por um processo de seleção focado na eficiência para manejar fungos e/ou nematóides de solo.

Pensando somente no biocontrole, quando se avalia a agressividade de diferentes cepas do complexo de espécies T. asperellum verifica-se um gradiente que contêm desde  cepas ruins até cepas muito boas no parasitismo do agente causal do mofo branco, Sclerotinia sclerotiorum (FIGURA 1). 

Trichoderma, complexo do T asperellum, Biota Innovations, controle biológico, Uberaba

Já quando se testa cepas do Complexo T. harzianum contra o mesmo fitopatógeno, as diferentes cepas mostram um comportamento mais homogêneo em relação ao padrão de agressividade, e isso pode esta relacionado a difusão da informação de que a espécie T. harzianum é melhor do que T. asperellum como bioproduto (FIGURA 2).

Trichoderma, complexo do T harzianum, Biota Innovations, controle biológico, Uberaba

Só que quando as mesmas cepas de T. harzianum são testados contra fitopatógenos mais agressivos, como Sclerotium (Athelia) rolfsii as diferenças em níveis de agressividade entre cepas aparecem, mostrando que há sim cepas melhores do que outras dentro dessa espécie (FIGURA 3), o que invalida o argumento de que o simples fato do produtos ser a base de T. harzianum o torna melhor do que os obtidos a partir de outras espécies de Trichoderma. 

Trichoderma, complexo do T harzianum, Biota Innovations, controle biológico, Uberaba

No Brasil, a maior parte dos produtos registrados são a base de T. harzianum e T. asperellum, mas é preciso saber que este fungo tem quase 300 espécies diferentes. Muitas dessas espécies possuem cepas muito eficientes no controle de fitopatógenos, e provavelmente, logo teremos novos produtos comerciais à base de  Trichoderma .

Produtos à base de Trichoderma são posicionados para o manejo de toda sorte de doenças de solo, como as causadas por Rhizoctonia sp, Fusarium sp., Macrophomina phaseolina, Sclerotinia sclerotiorum, fitonematóides e outros. Fica então a reflexão de qual o padrão de agressividade das cepas que compõem os produtos comerciais disponíveis no Brasil, principalmente aqueles desenvolvidos por empresas que não possuem a Pesquisa como norte de suas ações. A saúde da sua lavoura também depende disso.